Os melhores jogos de 2019 para o Overloadr

O ano se encerra e com isso fazemos aquilo que já é praxe: elegemos os jogos que mais gostamos neste 2019 que está prestes a nos deixar. Como sempre, é uma lista pessoal e uma combinação dos gostos de todos os membros do site. Sentimos que chegamos a uma lista bem legal, com títulos variados e representativa da riqueza e diversidade de lançamentos que tivemos no ano.

Se quiser saber como a lista foi montada, ouça nossa discussão no MotherChip Especial - Os melhores jogos de 2019.

10 - Slay the Spire

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A lista de Melhores de 2019 do Overloadr chega com alguns títulos que ainda não entendemos a extensão de sua influência no gênero que atacam. O que Disco Elysium fez para RPGs pode muito bem ser o que Slay the Spire fez para deckbuilders/dungeon-crawlers. A mistura não é usual, mas o frescor e a simplicidade com que o jogo a fez deverá ser sentida por anos a fio.

A mecânica básica é: escolha entre três campeões básicos (Ironclad, o guerreiro; Silent, o ladino/assassino; ou Defect, o mago). Cada um destes campeões abre uma gama diferente de estilos de jogo. Durante cada run você montará o seu baralho enquanto enfrenta inimigos em batalhas por turno. E é aí que Slay the Spiral brilha: você já viu todas essas mecânicas em jogos separados, mas juntas elas criam um título excepcional, que te convida a recomeçar uma partida assim que você morre, a testar novos campeões ou baralhos diferentes nos personagens que você já conhece. Tudo isso alinhado à sorte das cartas que você quer que apareçam.

O ritmo do jogo te convida a experimentar novas estratégias, a pensar com cuidado em cada jogada. “Vou gastar meus pontos de ação para dar mais dano em um inimigo e acabar não me protegendo do ataque do outro, ou vou segurar esse turno para me proteger melhor?” é a pergunta básica que, com tempo, começará a se desdobrar em decisões de combos, descartes, buffs e debuffs. Tudo com uma animação direta ao ponto e ainda assim agradável, que entrega o que o jogo precisa. Slay the Spire é uma delícia.

— Caio Teixeira

Slay the Spire está disponível para PC, PS4, Xbox One (parte do Game Pass) e Switch
O que produzimos sobre:
[Podcast] MotherChip #216 - Dar uma meditada
[Transmissão] Sexta Show #126 – Com Invisible, Inc. e Slay the Spire


9 - Mosaic

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Mosaic é um pequeno conto moderno sobre ser uma engrenagem na máquina capitalista que rege nossas vidas. Por meio de sequências poéticas, visual e sonoramente impactantes, acompanhamos o dia a dia de um jovem anônimo deprimido, que procura nas coisas mundanas uma maneira de fugir de sua rotina de trabalho massacrante. O estúdio norueguês Krillbite toca em inúmeros aspectos da realidade, do isolamento causado pelo uso excessivo de smartphones à problemas sociais de grandes centros urbanos, promovendo uma reflexão sobre o estilo de vida ao qual somos condicionados.

— Henrique Sampaio

Mosaic está disponível para PC e Apple Arcade
O que produzimos sobre:

[Ensaio] Mosaic é um retrato sombrio da vida adulta no mundo capitalista
[Podcast] MotherChip #256 - Mosaic, Valfaris, Lost Ember e The Legend of Bum-bo


8 - Life is Strange 2

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Com Life is Strange 2, os franceses da Dontnod não apenas aprimoraram sua capacidade de contar boas histórias como assumiram riscos ao tratar de diversos temas espinhosos, especialmente no mundo pós-Trump, como o preconceito contra estrangeiros e minorias. Life is Strange 2 usa o poder da narrativa dos videogames para contar uma trama sobre pessoas marginalizadas, que buscam pertencer a um espaço e formar comunidades em uma sociedade que não os quer.

— Henrique Sampaio

Life is Strange 2 está disponível para PC, PS4 e Xbox One
O que produzimos sobre:
[Podcast] MotherChip #215 - Mickey épico, Donald tóxico
[Podcast] MotherChip #228 - Games e Falos
[Podcast] MotherChip #246 - Link's Awakening, Sayonara Wild Hearts, Untitled Goose Game e Life is Strange 2
[Podcast] MotherChip #257 - EarthNight, Phoenix Point, Life is Strange 2 e Shovel Knight: King of Cards


7 - Resident Evil 2 (2019)

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A descrição em si pode soar um pouco batida, mas o que esse remake de Resident Evil 2 faz de tão bem é conseguir provocar a mesma tensão e curiosidade que tínhamos ao jogar sua versão original, porém atualizando-o para que seja novo e fresco o tempo todo. A história ainda é a mesma, os personagens ainda são os mesmos, os locais em sua maioria são os conhecidos, então a familiaridade está presente. No entanto, ela é subvertida o tempo todo por surpresas, que vão desde o comportamento dos zumbi (que são novamente assustadores e imprevisíveis) ao Mr. X e sua caçada implacável ao jogador.

Até poucos anos atrás seria impensável imaginar que refazer um dos maiores clássicos do gênero survival horror seria uma boa ideia. Mas aqui está Resident Evil 2 remake, não apenas sendo bom, mas atualizando jogos de terror como um todo no processo.

— Heitor De Paola

Resident Evil 2 está disponível para PC, PS4 e Xbox One
O que produzimos sobre:
Análise de Resident Evil 2
[Podcast] MotherChip #213 - Tenso


6. Control

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Control é sobre sua ambientação. A ação básica do jogo da Remedy é uma muito conhecida, de correr, atirar e usar diferentes poderes, como telecinesia, escudos e levitação. Mas o que o destaca é o mundo criado ao redor da aventura de Jesse Faden. O dia a dia do FBC - um departamento dedicado ao estudo da paranormalidade - aparece nos documentos que encontramos e o que vemos é uma organização que trata esse assunto como qualquer outra burocracia, com sua chatice do dia a dia e empregados mais interessados em chamar colegas para sair do que em descobrir qual parte de um avião é assombrada.

Assim, enquanto encontramos uma boa cota de coisas estranhas na jornada de Jesse, vemos lampejos de um mundo maior, de eventos que ocorreram dos quais não tínhamos ideia que funcionam como pequenos contos por si só. Tomara que não demore para vermos mais histórias desse universo.

— Heitor de Paola

Control está disponível para PC, PS4 e Xbox One
O que produzimos sobre:
Control | As primeiras horas do novo jogo da Remedy
[Podcast] MotherChip #242 - Control, Telling Lies e Dicey Dungeons


5. Sayonara Wild Hearts

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Sayonara Wild Hearts faz de um jogo arcade uma alegoria exuberante, intensa e colorida sobre o doloroso processo de separação, usando como base uma linguagem universal para falar de amor: a música pop. O resultado é uma experiência visual, sonora e mecanicamente deslumbrante, que não apenas impressiona por sua variedade e criatividade, mas também emociona com suas metáforas de transformação pessoal.

— Henrique Sampaio

Sayonara Wild Hearts está disponível para PC, PS4, Switch e Apple Arcade
O que produzimos sobre:

[Podcast] MotherChip #246 - Link's Awakening, Sayonara Wild Hearts, Untitled Goose Game e Life is Strange 2


4. Telling Lies

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Ao refinar em Telling Lies o conceito de Her Story, sua obra anterior, Sam Barlow criou uma intrigante rede de conversas unilaterais cheias de reviravoltas. Além de ser um delicioso quebra-cabeça narrativo cheio de personagens interessantes, Telling Lies nos envolve em uma experiência voyerística fascinante sobre intimidade, amor e separação, que leva a dramaturgia nos videogames a áreas totalmente inexploradas.

— Henrique Sampaio

Telling Lies está disponível para PC e iOS
O que produzimos sobre:

[Podcast] MotherChip #242 - Control, Telling Lies e Dicey Dungeons


3. Sekiro: Shadows Die Twice

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Os trabalhos da From Software influenciaram dezenas de jogos nesta década e, para encerrá-la, o estúdio lança um dos seus melhores título, se não o melhor. Sekiro é sobre tempo de reação, leitura do inimigo e ritmo. Ao limitar o jogador a possuir apenas uma arma, com uma velocidade e alcance específico, todas as lutas são precisamente calibradas para que funcionem com o que temos em mãos (apesar de haver certo espaço para improviso com itens e a prótese shinobi). Os combates não são só sobre esperar aberturas, mas também sobre transformar investidas do oponente em oportunidades, passar a tirar proveito de ataques que inicialmente pareciam indefensíveis. Uma vez que sua cadência é compreendida, os duelos transformam-se em algo mais próximo de uma dança, tanto pela fluidez quanto por sua beleza.

É nas lutas contra os chefes que isso realmente brilha. Esses desafios em um primeiro momento parecem intransponíveis, mas rapidamente se tornam os conflitos mais prazerosos, eletrizantes e ricos que o jogo tem a oferecer. Há uma catarse indescritível quando o ponto vermelho que indica a finalização aparece e as palavras “execução shinobi” surgem na tela. A curva de aprendizado é íngreme e a escalada até o topo tem partes frustrantes. Mas quem estiver disposto a chegar lá encontrará recompensas como poucos jogos de ação ofereceram até hoje.

— Heitor De Paola

Sekiro está disponível para PC, PS4 e Xbox One
O que produzimos sobre:

[Podcast] MotherChip #222 - Relâmpago Marquinhos (com Sushi, do Jogabilidade)


2. Outer Wilds

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A dificuldade de se falar de Outer Wilds é que qualquer descrição elimina uma surpresa para quem for jogar. Essencialmente um jogo de exploração e mistério, o jogador é parte de uma raça de alienígenas que está desbravando seu sistema solar em busca de conhecimento. O personagem controlado, no entanto, tem dois diferenciais. Um, ele empunha o primeiro tradutor criado pelo seu povo, o que permite que ele entenda textos deixados por uma antiga raça que explorou o sistema. Dois, por algum motivo todas as vezes que ele morre ele acorda no mesmo dia de sua partida - algo ao estilo de O Feitiço do Tempo -, o que é bastante útil já que, mesmo que ele evite todos os perigos presentes nos diferentes planetas, o sol do sistema entra em nova a cada 22 minutos, consumindo tudo e todos.Com isso em mãos, é preciso descobrir que está acontecendo nesse canto da galáxia, o que essa antiga raça foi fazer por aí e outras coisas mais que são melhores se não ditas, mas sim descobertas.

Parte da beleza é que suas capacidades iniciais no jogos são as mesmas tida no fim. Não há upgrades, novos itens ou qualquer coisa do tipo. O que há é ganho de conhecimento, de maneiras de evitar perigos, de verbos que em um primeiro momento não imaginamos possuir. Elementos assustadores rapidamente tornam-se corriqueiros após aprendizado e observação, nunca destruídos ou dominados, apenas compreendidos.

Trata-se de um jogo em partes iguais amedrontador e pacífico, tenso e sereno. Inteiramente aberto desde o seu início, ele constantemente provoca assombro quando nos deparamos com a solução de como acessar um lugar ou como alcançar algo que sempre esteve disponível para nós, mas que por algum motivo inicialmente não consideramos. São muitos momentos de “ahá!” que permanecerão na memória após o final ser alcançado.

— Heitor De Paola

Outer Wilds está disponível para PC, PS4 e Xbox One (presente no Game Pass)
O que produzimos sobre:
[Podcast] MotherChip #231 - Banqueta de duas pernas
[Podcast] MotherChip #236 - Vacina delivery
[Podcast] MotherChip #233 - E3 no Club Homs


1. Disco Elysium

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Disco Elysium é o futuro dos RPGs. Surgindo de maneira inesperada para muitos de nós, o jogo da ZA/UM muda completamente a maneira mecânica através da qual interagimos com o mundo ao nosso redor. As decisões binárias típicas ao gênero dão lugar a escolhas que muitas vezes não têm moralidade clara ou intenção totalmente definida. Além disso, o modo como nosso personagem percebe o mundo é um tanto único, já que suas diferentes habilidades são essencialmente personalidades conversando com ele, apresentando suas próprias visões que podem ou não ser úteis, ou sequer corretas. Junte a qualidade impecável do texto, um dos melhores a aparecer em um videogame, e você tem em mãos algo que provavelmente influenciará muitos jogos nos anos que estão por vir.

Em sua camada mais superficial, Disco Elysium é um conto detetivesco. Um assassinato ocorreu e cabe ao nosso personagem e seu parceiro - Kim Kitsuragi, talvez o melhor personagem original criado para um jogo neste ano - descobrir o motivo e o responsável. Entretanto, em meio a isso há todo o aprendizado sobre Revachol, local em que a aventura se passa, e seu significado histórico e político para o mundo, uma situação de tensão de conflito de classes que está prestes a explodir e provocar a repetição de eventos passados, e toda compreensão de como esse local - fragmentado, parado no tempo, sem perspectiva para seus habitantes - funciona. E apesar disso, apesar de tudo estar conectado e fazer parte do todo, é sobre a importância do diminuto, de ouvir as pessoas que não são mais ouvidas, de dar atenção ao que vaga entre nós sem que ninguém mais perceba e notar os fantasmas deixados por decisões feitas por indivíduos que há muito se foram. Disco Elysium é frio, é cínico, é decadente, é sincero, é emotivo e é lindo.

Agora é torcer para que não demore muito para que lancem uma tradução para o português.

— Heitor De Paola

Disponível para PC
O que produzimos sobre:
[Podcast] MotherChip #251 - Disco Elysium, The Outer Worlds, Destiny 2, Noita e Sky Racket
[Transmissão] Sexta Show #134 - Disco Elysium