Crap! No One Loves Me não é apenas um incrível bobsled vaporwave de caixões

Eu amo a Arcane Kids. O coletivo de Los Angeles tem como lema criar jogos como se fossem de Dreamcast. Tudo que eles fazem carrega uma aura de final da década de 90, tanto em sua forma quanto em sua estética. O comprometimento da equipe com sua identidade é tão grande que eles possuem até mesmo um manifesto, presente em seu website anárquico e caótico, daqueles que parecem ter saído do Geocities no começo da década de 2000.

Seu novo jogo, lançado durante o festival Fantastic Arcade, que aconteceu nesta semana em Austin, no Texas, chega poucos meses depois do fascinante Sonic Dreams Collection. Carregando as mecânicas arcades e a atmosfera nostálgica vaporwave pelas quais eles são conhecidos, Crap! No One Loves Me é uma corrida de caixões ao estilo bobsled para até dois jogadores simultâneos. É também um comentário sobre o lado deprimente da relação entre millenials e smartphones. Além de um jogo, “‘Crap! No One Loves Me’ é uma afirmação diária”, diz a Arcane Kids. “Meu ritual matinal é muito simples: eu checo meu celular e grito ‘Merda! Ninguém me ama!'”.

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Em uma loja de vaporizadores, escolhermos nosso millenial “too cool for school” favorito, passando por eles com o celular como se dispensássemos pessoas no Tinder. Logo em seguida, o mandamos para o inferno, jogando-o na lixeira do lado de fora do estabelecimento.

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A fascinante jornada queer e vaporwave de SEAQUEST1992

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Após se espatifar nas trevas, escolhemos um caixão, com o qual saímos deslizando em half-pipes e túneis, coletando emblemas pelo caminho. As mecânicas envolvem não apenas explorar as brechas de oportunidades para ganhar velocidade e realizar manobras aéreas precisas, mas também lidar com o fato de que o caixão pode deslizar de diferentes posições e girar involuntariamente. Ao final de cada corrida, temos que jogar o caixão (ou os restos mortais que ele contém) para dentro da tela de um smartphone flutuante.

O contraste entre as distorções e ruídos típicos da reprodução de fitas de vídeo antigas com a representação de celulares modernos, acentua a temporalidade do jogo, literalmente nos colocando (invidíduos da geração Y) entre algumas das bordas tecnológicas das nossas vidas: VHS e smartphones.

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E com ou sem seguidores nas redes sociais, com ou sem bolinha vermelha nas notificações do Facebook ao pegar o smartphone toda manhã, enquanto ainda rolamos na cama, a certeza de um dia todos acabaremos num caixão deveria ser razão suficiente para que nada disso fosse tão importante assim.

Crap! No One Loves Me pode ser adquirido até as 14h desta quinta-feira (1) no pacote do Fantastic Arcade do Humble Blundle Weekly, pelo valor que você quiser pagar.